Pensem nisto. O recém-nascido viveu os últimos nove meses debaixo de
água. Recebeu sempre os nutrientes já digeridos e prontos a consumir.
Pelos seus pulmões e pelo seu intestino, só circulava líquido amniótico.
Os sons que ouvia eram filtrados pela barriga da mãe, que também o
protegia de todas as agressões mecânicas. Todas estas 'regalias', ele
perde de um dia para o outro. Este organismo fechado numa 'redoma' terá
agora que lidar com ar (mais frio e mais seco, do que ele alguma vez
sentiu), com a alimentação oral (leite que terá de digerir e 'partir' em
todos as pequenas substâncias que fazem funcionar o corpo), com vírus e
bactérias a gravitar à sua volta (a colonizarem-lhe a pele, o
intestino, o nariz e a boca), com barulho, com frio, com calor. Passa de
8 para 80, em minutos, o que debilita o seu corpo frágil. Tem de ser o mais protegido possível.
Agora, o lado materno. A gravidez é um processo desgastante para
qualquer mulher. Apesar de algumas não se sentirem fatigadas
psicologicamente, socialmente e biologicamente o impacto é enorme.
Sempre. As últimas semanas são de uma privação ao sono monstruosa.
Privação esta que se manterá seguramente durante os primeiros meses de
vida da criança. Depois há toda a adaptação do recém-nascido à mãe e da
mãe ao recém-nascido. É uma aprendizagem que (dizem-me) é sempre nova.
Não há filho igual ao outro. É o 'pegar' na mama (ou tetina), são as
cólicas, as fraldas, as manchinhas, o choro por isto, o choro por
aquilo, o choro por coisa nenhuma. Enfim, os primeiros dias de vida são difíceis. Bonitos de recordar, mas difíceis de viver.
Se em cima disto tudo, a Mãe tem que fazer boa cara para cumprimentar a
prima, o bebé tem que se aperaltar para receber o tio da mãe da amiga,
os dois têm que aturar uma sala cheia de gente a contar lugares comuns. O francisquinho nasceu assim, o outro parecia um leitão, a menina comia assado, outra nem por isso. Para além disso, existem patogéneos
(vírus, bactérias, fungos) que transportamos inconscientemente nas
mãos, nos cílios do nariz, na própria roupa, que entrarão em contacto
com o recém-nascido frágil e com poucas defesas. Se existe alguma
coisa boa (e acredito que seja das únicas) pelo facto de as famílias
viverem mais isoladas, é o facto de poderem se proteger deste tipo de
agressões.
Não me interpretem mal, porque quem tem um blogue gosta de socializar.
Não sou excepção. São só 28 dias, para Mãe e bebé se adaptarem
convenientemente a esta nova vida. Para mim, e para a maioria dos
pediatras com quem trabalhei, é uma imposição médica: as visitas durante o primeiro mês deverão ser espaçadas no tempo e restritas no número de pessoas. Aos primeiros dias, só a família mais próxima. Os outros terão muito tempo para adorar o menino."
Tinha de partilhar isto. Foi escrito por um cirurgião pediátrico, pai, que tem um blog. É exatamente o que eu penso: visitas sim, mas moderadas e de familiares mais próximos. Todos os outros têm a vida toda do Tomás para o verem.
Gostei tanto, tanto deste texto que o partilhei no facebook, com a seguinte mensagem: "Leiam por favor. Isto é um texto de um pai,
cirurgião pediátrico, sobre as visitas de familia quando há o nascimento
de um bebé, falando como pai e como profissional de saúde.
Quando o Tomás nascer as visitas ao hospital são para os bisavós, avós e padrinhos/tios. O resto da familia terá bastante tempo para nos visitar umas semanas depois do bebé nascer. Espero que compreendam, os primeiros tempos são díficeis, os hábitos mudam e tanto os pais como o bebé precisam de descanso e paz nas primeiras semanas."
Quando o Tomás nascer as visitas ao hospital são para os bisavós, avós e padrinhos/tios. O resto da familia terá bastante tempo para nos visitar umas semanas depois do bebé nascer. Espero que compreendam, os primeiros tempos são díficeis, os hábitos mudam e tanto os pais como o bebé precisam de descanso e paz nas primeiras semanas."
Espero que quem leia isto lá no facebook, seja da minha familia ou do R., não fique chateado nem lhe pareça mal (se bem que nem me interessa, muito sinceramente).
E quem á última hora se fizer de desentendido, leva com o recado na mesma e nem passa pela porta. Ainda hoje falámos disso na PPP (preparação para o parto), a necessidade dos pais se adaptarem a este novo ciclo da vida e se habituarem a ser uma familia de 3 elementos. Um dos quais requer todo o tipo de cuidados, atenção, energia.
Já tinha dito a algumas pessoas da minha familia e da familia do R. para ficarem já avisados. Mas volto a dizer, a quem não tenha percebido: visitas só para os bisavós, avós e padrinhos/tios do Tomás. De resto, venham visitá-lo no mínimo 2 semanas depois, e têm de ligar antes a perguntar a melhor hora (que não quero que me acordem o puto com a campainha). E se vierem cá bater á porta á espera de fazer sala, estão bem lixados, que finjo que não estou em casa.
3 comentários:
Ahahahahaha :P Oh pah, então e eu? Eu queria era ver-te depois do parto, toda suada e despenteada!!!! Eheheh :P
Mas concordo, é uma altura difícil, diferente e é preciso habituarem-se primeiro " os da casa". Mais a mais que os bebés são todos iguais e feios quando nascem. Só ficam fofos passado uns dias (as tais duas semanas) :P
E não te esqueças que tu és a mãe, tu é que mandas em tua casa. Não queres visitas, não há visitas e ponto final. Se os familiares levarem a mal, melhor, é da maneira que assim não vão lá chatear, ehehe :P
Ora e eu nao tinha falado nos 28 dias? :D
Ádescávir, ainda tá essa, todos são feinhos (mas depois os nosso são sempre bonitos, enfim loool), por isso venham vê-lo quando ele tiver mais bonitinho :P
Pobre(o)Tanas, falas-te sim :) e tens toda a razão, um bebé só deixa de ser recém-nascido passados 28 dias. Vá lá eu não me meter com ideias de só o virem ver depois de 1 mês! :P
Postar um comentário